Smart Break

E o bem-estar mental no ambiente de trabalho

Victor (B) Athayde
6 min readJan 2, 2021

Nota do autor: O projeto apresentado a seguir é resultado de um design sprint lab — um laboratório de duas semanas — conduzido em trio durante um Bootcamp de UX/UI da Ironhack.

The National Wellness Institute

The National Wellness Institute (Instituto Nacional de Bem-Estar — cliente fictício) é uma organização sem fins lucrativos que tem como missão:

"Fornecer aos profissionais da área da saúde e bem-estar recursos e serviços especiais que estimulem o crescimento profissional e pessoal".

Através da filiação de membros, oferece treinamento e certificação para profissionais da saúde.

Entretanto, devido a uma dificuldade de acompanhar as mudanças tecnológicas, tem sentido uma queda exponencial no número de membros.

Dessa forma, possui como estratégia de valor fomentar a criação produtos digitais de bem-estar que reflitam uma imagem inovadora, uma abordagem atualizada ao tema.

A Economia Global do Bem-Estar

Antes de explorar dados desse mercado, é importante entender a sua multi-dimensionalidade e que o bem-estar pode ser:

  • Físico: manter um corpo saudável por meio de exercícios, nutrição e sono.
  • Mental: harmonizar as emoções para uma boa saúde mental.
  • Emocional: estar ciente, aceitar, expressar sentimentos e compreender sentimentos alheios.
  • Espiritual: buscar significado e propósito existencial.
  • Social: interagir com outras pessoas e comunidades de forma significativa, fazer parte.
  • Ambiental: criar inter-relações positivas entre a saúde planetária e as ações humanas.

Conforme apresentado pelo Monitor Global da Economia do Bem-Estar do Global Wellness Institute (GWI), é possível observar dados e tendências desse setor que movimenta anualmente cerca de US$4,2 trilhões:

Gráfico: Economia Global do Bem-Estar, um mercado de 4.2 trilhões de dólares

Considerando os desafios de 2020, uma categoria cada vez mais relevante dessa indústria é a do bem-estar mental.

Um relatório de Novembro de 2020, também publicado pelo GWI, “Defining the Mental Wellness Economy” (Definindo a Economia do Bem-Estar Mental) documenta uma pesquisa destinada a medir o mercado global do bem-estar mental.

Gráfico: economia global do bem-estar mental US$ 120,8 bilhões

Esse relatório conclui que a economia global do bem-estar mental vale atualmente US$ 120,8 bilhões, dividindo-a em quatro segmentos:

  • Sentidos, espaços e sono: US$ 49,5 bilhões.
  • Suplementos e estimulantes cerebrais: US$ 34,8 bilhões.
  • Auto-aperfeiçoamento: US$ 33,6 bilhões.
  • Meditação e atenção plena: US$ 2,9 bilhões.

Além desses estudos, é possível encontrar outras métricas para avaliar o bem-estar mental global, como o Happy Planet Index (Índice do Planeta Feliz) e o Global Health Index (Índice de Saúde Global), fortalecendo a importância dessa economia.

O Bem-estar mental no ambiente de trabalho

Para enquadrar melhor o problema e direcionar uma solução, foi necessário focar em um cenário no qual o bem-estar mental é essencial: o ambiente de trabalho.

Através de uma pesquisa quantitativa rápida destacaram-se os seguintes gráficos / insights:

Gráfico: O que você acredita que cria maior desequilíbrio mental no ambiente de trabalho
Gráfico: Avalie o quanto a empresa que você trabalha(va) se dedica(va) para o bem-estar no ambiente de trabalho

Minha rotina é estressante

Mulher, loira, entre seus 30/40 anos, sorrindo.

Para compreender motivações, necessidades e frustrações, foram entrevistados cinco funcionários de empresas diversas – três mulheres e dois homens – e duas psicólogas – especialistas em carreira e recursos humanos.

Sentimentos são complexos para se expressar em dados, sendo necessária uma condensação, uma personificação da pesquisa realizada:

Marta — persona:

"Se a gente colocar na cabeça que temos direito de fazer pausas para relaxar a mente, a gente vai ser muito mais produtivo e conseguir conviver melhor com as outras pessoas".

Ferramenta de empatia e foco no usuário, uma persona possibilita priorizar insights e caraterísticas de um usuário de forma verossímil, através de suas:

Motivações

  • Adquirir conhecimento em inteligência emocional.
  • Hábitos de leitura.
  • Aprender coisas novas.

Necessidades

  • Criar e manter o bem-estar mental.
  • Gerenciar e controlar seu tempo / produtividade.
  • Válvulas de escape rotineiras.

Frustrações

  • Pressão, desconforto e sensação de estar sendo vigiada.
  • Estresse e falta de disposição no ambiente de trabalho.
  • Falta de comunicação entre líderes e subordinados.

A Jornada da Marta

Jornada de emoções/experiências da usuária ao longo de um dia
Emoções e experiências da Marta ao longo de um dia

Quem? O que? Por que?

Como ajudar a Marta (usuária) a reduzir os efeitos da rotina do trabalho em sua saúde mental (problema) uma vez que ela sente pressão, desconforto, estresse e falta de disposição (insights)?

Um Palhaço?

Ao utilizar a técnica da Pior Ideia Possível, cria-se uma competição saudável de ideias idiotas e malucas ao redor de um problema.

Ou seja, uma vez que ninguém parecerá bobo no jogo, o processo de criação fica leve, a pressão é reduzida e abre espaço para as risadas geradas pelo ridículo.

Para praticar a técnica da pior ideia possível, basta seguir alguns passos simples:

  1. Ter o máximo de ideias ruins que puder em um tempo determinado.
  2. Listar as idéias terríveis.
  3. Separar e apontar o que torna o pior delas tão ruim.
  4. Selecionar e votar.
  5. Misturar, combinar, iterar e ver o que acontece.

E a pior ideia vencedora foi:

Um palhaço passa na sua baia e grita: hora intervalo! E pergunta: você quer respirar ou conversar?

Que foi transmutada na seguinte solução:

Um app no qual o usuário escolha horários para praticar respiração, conversas ou ginástica laboral.

Fluxo da Marta no App

Fluxo da usuária — Marta

Rotas Vermelhas

Inauguradas em Londres em 1991, as rotas vermelhas são estradas principais nas quais os veículos não param, permitindo que o tráfego flua livremente, sem obstruções.

Ao aplicar o conceito das Rotas Vermelhas ao design, identificam-se caminhos críticos e frequentes no qual usuários seguem para concluir tarefas.

Assim, as rotas vermelhas de um aplicativo são:

  • Críticas: sem essas rotas, o produto não entregaria nenhum valor.
  • Tarefas ponta-a-ponta com várias etapas ou ações, não eventos únicos.
  • Freqüentemente utilizadas, capturam os casos de uso de mais de 90% dos usuários.
  • Construídas para escalar: jornadas de alto volume do usuários, canalizam a maior parte do tráfego da aplicação.
  • Principais criadoras de valor: impulsionam as principais métricas de negócios.
  • Objetivamente bem-sucedidas: capazes de definir claramente o que significa sucesso.
  • Vinculadas às métricas críticas do produto: as rotas vermelhas afetam diretamente os resultados e têm um impacto substancial na experiência do usuário.

Smart Break — o aplicativo

Um print de alguns mid fidelity frames para ilustrar o processo de implementação.

Projetar qualquer coisa é um processo de iteração infinito e este artigo é apenas uma sprint.

Obrigado pelo seu tempo e por chegar até aqui!

P.s.: O projeto Smart Break exposto acima foi realizado em trio e de forma colaborativa durante um Bootcamp de UX/UI da Ironhack — Agradecimentos especiais ao Dev Yago Marinho, pela agilidade e proposta de divisão de trabalho, e à Anny Kopplin, pela resiliência e inspiração.

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Victor (B) Athayde

A UX / UI Designer. A mad scientist, a curious problem solver, always learning to provide a unique experience.